domingo, 16 de janeiro de 2011

Passado

De tanto apegar-se no passado, ela não conseguia viver o presente. Não sabia o que era o presente, não tinha um presente. Só sabia de amores do passado e das lembranças mais vivas que as labaredas de fogo que esses amores tinham.

Vivia sonhando pelos cantos, com sorriso bobo no canto da boca, com cara-de-outro-mundo. Quase não reclamava de não ter um amor neste tempo, provavelmente a coitadinha - tão perdida em sonhos vãos - não havia notado tamanha solidão em que se encontrava.

Solidão de dar dó a quem a via pela janela do quarto com pingos da chuva no rosto. Passava horas ali não sabe-se fazendo o que, mas sempre só. E na rua, era assim que a viam também. Era só, sempre. Esta era a sua condição.

Quis se libertar do passado certa vez. Chorou, fez rebelião na rua, prometeu esquecer o passado - mesmo aquelas lembranças mais doce que ela tanto amava -, prometeu arrumar um novo amor, falou em colocar aliança no dedo, fez birra, aguentou forte, tentou, apaixonou-se, comparou o presente com o passado, fraquejou, tentou arrumar forças, não conseguiu, largou a paixão de lado, voltou-se para o seu passado.

Deve ser sina, deve ser maldição, deve ser desesperador passar os dias na pele dela.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Primeiro dia

É o primeiro dia. Primeiro dia das mesmas sensações. Primeiro dia da mesma desesperança. Primeiro dia do mesmo sonho eterno. Primeiro de todos os dias que não veio me ver. Primeiro dia de um novo ano com o mesmo desamor.

Desamor porque não está perto. Desamor porque não ama mais. Ou ama, mas não tem coragem. Mas mente falando pra mim, adorela, você também ama mas não tem coragem.

Feliz ano novo! Brinde ao meu ex-eterno-amor-desamado.