quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Não era assim que deveria ser. Tudo está errado e fora de seu lugar. Nada faz sentido além daquela velha dor e das velhas lágrimas que correm sem controle.

Por lógica, uma grande dor gerada por um problema repetido deveria ficar menor a cada vez que reaparece.  Entretanto, cada vez que volta parece doer mais, a ponto de se tornar insuportável e de todo o corpo ficar em estado de letargia.

Talvez porque a esperança de que o problema seja resolvido há tempos já deixou de existir, talvez porque ser forte também cansa e a fraqueza emocional é doença crônica que só piora porque não tem tratamento, talvez porque quanto mais o tempo passa e o problema se repete, mais fica a sensação de incapacidade diante dele e a única sensação pensada depois de muito tempo é de simplesmente não resolver o problema.

A força aqui esqueceu que existia, mas isso não é tão ruim. Já aconteceu outras vezes e ela sempre voltou, provavelmente por necessidade e dever. Mas agora, o cansaço emocional é tão grande, a desesperança é tão viva que já não sei mais se quero que a força volte.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A noite finalmente dá sinais de que o ar volta a correr. Os sentidos aguçam-se a fim de captar uma leve brisa - que seria imperceptível, não fosse pelo calor insuportável do dia. Os pensamentos finalmente parecem se organizar e os sentidos lampejam pela volta das sensações mais simples.

E de primeiro pensamento vem a solidão. Mas a minha solidão não sabe ser só: sempre tem companhia de algumas letras que florescem adiantando a primavera já esperada. Solidão a gente tem que aprender a apreciar e isso requer tempo e sensibilidade. Depois de aprender a apreciá-la é que vem a certeza - quase cruel - de descobrir que no final solidão não existe. Sempre haverá uma brisa, um pássaro, gotas d'água, um cigarro e algumas palavras de alguém pra ler. Sempre haverá uma saudade no coração e ela faz-nos companhia quando fisicamente a companhia torna-se impossível por situações amontoadas da vida.

Pra curar a doce solidão, ainda existe a inspiração e a imaginação e com elas eu posso ir onde quiser.
Conto estórias como quem acredita nelas. Como quem as vive de fato. Conto estórias como quem sonha acordada antes de dormir. Como quem realmente entra na estória.

Por vezes, sinto-me Sônia, de Dotiéviski, em outros dias, entretanto, sinto-me Basil, o pintor de Oscar Wilde. Ou talvez, seja Alice de Carroll. 

Mas a verdade é que no final de tudo, as estórias são sobre duas meninas: Adorela e Danieli. Uma que é sonho, outra que é realidade.