sábado, 27 de março de 2010

A maquiagem toda borrada ressaltava as cores dos meus olhos tão vivos. Acordei como deveria ser. Nos meus dedos escorriam sonhos e aventuras. Ou melhor, aventuras sonhadas.

Na leveza de amanhecer o dia pela metade, senti uma ponta de saudade de não sei o quê. Como se algo que nunca precisei me fizesse tanta falta.

O frio, o cinza e seu cheiro no meu peito. Sim, descobri! A saudade que sinto é sua. E é fato, não preciso, mas sinto falta.

Você é pra mim, algo que me mantém presa em um lugar onde nunca quis nem estar. A raiz já é tão profunda que é difícil cortá-la, especialmente porque um dia resolveu arraigar-se ao coração. Cortá-la significaria a morte. Não a morte física, mas a morte do amor meu e isso é irreversível.

Quando um amor tido como único e belo morre, nunca mais poderá haver outro amor para tomar seu lugar.

Então, não me deixe, volta, porque a beleza do amor depende de dois lados, não de um sozinho.


Ne me quitte pas

terça-feira, 23 de março de 2010

E, assim, no teu corpo eu fui chuva.

Cantou assim Maria Gadú para mim. Eis a nova fantástica descoberta musical. E como ela escreve e canta o que eu sinto, deve ter conversado com Nando Reis para fazer as músicas.

Na chuva linda que presenteou meu dia por horas, foi nisso que pensei. Eu sou chuva no seu ser. Eu sou chuva no meu infinito tão incompleto. Eu sou chuva na minha saudade tão sua. Eu sou sua chuva de horas ociosas.

Mas eis que ela canta no passado. No meu e no teu passado mais-que-perfeito. Porque o presente tem conjugação desconhecida, só conjugo agora o verbo chover em você e me encher de você até estourar, até transbordar.

Sou sua chuva até a última gota existir.





Deixa eu me transbordar de você.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Foi você que me ligou? Foi você? Você?
(o coração bate grande)

E agora não atende. E eu fico agoniada, louca, desesperada, esperançosa.
(o coração quase não bate)

E ainda pode não ser ninguém! Ninguém! Ninguém que me interesse, ninguém que me faça sonhar.
(pensando na sua voz)

Não vou nem tentar mais, nem queria falar com você.
(mentira deslavada)

Se você ligar de novo eu atendo.
(se é que foi você que me ligou)

Não queria falar com você.
(e isso é uma meia verdade).

Liga de novo, vai.
(quero dormir com sua voz no ouvido)



domingo, 21 de março de 2010

Deixei-me cair suave e lentamente na cama desarrumada. O calor do dia enfastiou-me até os pensamentos. E a noite não me reservou nada de tão extraordinário.

Ali, do jeito que caí, permaneci a olhar para o teto, enquanto a doce melodia de Bob Dylan me fazia pensar em terras mais distantes que essa. Terras além do meu jardim, além do meu céu, além do meu ser.

E o que quero eu com terras distantes? Descobrir um novo sentimento ou um novo sol. Quero é pessoas que estão em terras distantes. Mas talvez essas terras nem existam além do meu mundo imaginário.

Como saber o que é real e o que é imaginário quando o cérebro mal funciona de tanto cansaço? Como saber por quê as pessoas que estão em outras terras me encantam mais do que estas?

O melhor seria pegar no sono logo, mas ele não vem. A mente ainda quer pensar mais, quer imaginar até conseguir desenhar cada detalhe de seu corpo nu com a realidade de conseguir tocá-lo. Mas as lembranças são antigas e isso não acontece. Não consigo mais sentir seu corpo, nem suas mãos na minha nuca, nem o gosto de sua boca.

Estranho, aí estão coisas que imaginei nunca parar de sentir. Lutei tanto para que isso acontecesse e agora descobri que era isso que mantinha meu coração cheio. Agora ele está vazio e escuro. E meus dedos não sabem mais o caminho que devem tomar para viver sem você.

Fato é que as estrelas que queimam no meu quarto são desejos de ter seu corpo no meu.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Desliguei o relógio. Quis desligar os ouvidos e a mente, porém não tive sucesso. As pessoas falavam, faziam barulinhos que me atormentaram pelo tempo que não sei.

Todas aquelas palavras decoradas, tudo aquilo que eu já sei e que não preciso ouvir novamente. Tudo acontecia ao meu redor e eu queria estar longe, pensando noutras coisas. Mas era obrigação - brindes que acompanham o cargo público - estar ali naquele lugar e ouvir atentamente pois minha opinião poderia ser cobrada a qualquer momento, poderiam duvidar do meu trabalho.

De fato isso aconteceu, estive atenta, defendi meu trabalho, defendi aquilo que as pessoas já sabiam, mas acham ainda que você tem que fazer uma mágica para que funcione. Pronto: Está feita a mágica, agora todas as crianças comem frutas e verduras. Agora o repasse para a alimentação escolar dobrou. Agora a pobre da nutricionista vai arcar do próprio bolso o que faltar para a merenda. Ê, viva a utopia.

A minha parte, eu faço. Faço com amor, com desvelo, faço porque gosto e ponto. E ah, ninguém lembra - fingem esquecer - de que estou no trabalho há apenas quinze dias, ninguém revoluciona nada neste tempo. Não há como resolver problemas antigos em tão pouco tempo.

Amanhã é um novo dia e muito trabalho existe para ser feito. Arregaço as mangas da camisa, dou minha cara a tapa e os ouvidos a críticas (mas já aviso, só escuto as construtivas) e vou lutar para a alimentação das crianças ser - pelo menos em horário de aula - um pouco mais saudável.

E que assim seja.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Hoje acordei de mal jeito. Talvez porque não dormi deveras ou pelo menos meu sono não cumpriu o seu dever: dormi sem repousar, sem que a mente parece de trabalhar.

Acordei com mil pensamentos mastigados da noite e nada digerido. Tão logo os pensamentos - que não deveriam existir - noturnos misturaram-se com propósito aos pensamentos do dia. E quente como o sol minha cabeça trabalhou e trabalha ainda.

Poderia apenas pensar no trabalho, mas só ele não me satisfaz. Poderia só pensar no mundo, mas o que faria com as responsabilidades? Poderia só pensar no amor, mas para isso, precisaria ainda estar dormindo.

Ao acordar, a primeira percepção foi a de não ter percepção nenhuma sobre o dia nascente. Cansada de tanto pensar quando deveria sonhar com o impossível ou permanecer dormindo sem pensamentos.

E lá passou-se o dia, escorrendo como lágrimas que tentamos segurar. Ora rápido, quando eu implorei pra ser devagar. Ora lento, quando eu implorei que o relógio corresse.

Somos todos servos de um tempo que não liga para nossos sonhos, pensamentos ou vontades. Não liga para a responsabilidade, nem para a diversão. Escravos de um tempo que conta como quer, que zomba de nós por capricho.

Mais do que escrava do tempo, sou escrava dos meus próprios pensamentos que fazem de mim o que bem querem, sem me deixar descansar. E ainda, sou escrava de um coração que amou uma vez e acha que é pra sempre.

Só me falta fazê-lo acreditar no fim das coisas. E conseguir amarrá-lo toda vez que ele quiser ficar olhando pela janela esperando você voltar (certeza dele).

segunda-feira, 15 de março de 2010

Tem dias que o dia passa lento e cheio de pensamentos tolos. Isso definitivamente não acontece em dias de sol e de licitação. A burocracia e o queimar do sol na minha pele branca não me fazem bem.

E nessa noite sonhei com você. Sonhei que me acordava pela manhã com seu cheiro no quarto, com sua boca tão rósea, com seus olhos tão esmeraldas. Acordei e só o cheiro ficou guardado em minha pele durante o dia todo aumentando as lembranças que nunca foram passado.

Passei o dia com seu cheiro e a adrenalina do baile/jogo Santos e Palmeiras. Ah, pra quem tem um jogo desses, o amor nem faz falta. Amor de futebol é sempre mais gostoso, fiel, leal e ainda dura eternamente (sendo correspondido).

E ainda existe quem tem medo. Medos são bobeiras, gostosa é a ansiedade de vê-lo (novamente), gostoso é o gosto de esperar pelo dia que acordarei com o dono do cheiro ao meu lado na cama. Gostoso é ver meu time jogar contra o seu (de novo) e discutir e brigar e se odiar, para depois ficar bem da melhor maneira que posso imaginar. (6)

Já sei, perderei horas ali, olhando ele dormir.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ah, o abandono. Abandono deste blog, abandono do corpo cansado sobre a cama, abandono do amor que não se deve ter, abandono dos cabelos para o vento do alvorecer.

Deixei-me abandonada e tão logo o mundo me abandonou. Abandonou-me de suas garras, de seus laços, de suas cores.

Corro os dias sozinha, sem pensar em muito além do trabalho, da alimentação e de todos aqueles números que eu já decorei. Sozinha, abandonada, deitada na cama olhando as estrelas que não tem no meu teto branco-dia e negro-noite.

Não posso mentir que se estivesse comigo, seria só nos seus braços que eu me abandonaria do mundo. Seria no teu colo que abandonaria meus problemas e no seu sexo, abandonaria minhas tensões diárias.

Deixa eu me abandonar na água que escorre dos seus olhos.

Vem, que eu perco meu tempo com você.