quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mentiras

Olhou no fundo da alma dela pelos olhos e disse como se suspirasse: "Eu não te amo mais". Ela ouviu, mas não absorveu a frase dele - talvez nunca viesse a absorver - continuou imóvel com aqueles grandes olhos dissimulados a fitar o rosto dele.

Ele repetiu as mesmas palavras pausadamente e com convicção. Precisava desesperadamente de uma reação dela, além daqueles olhos secos e da aparente indiferença.

Ela o encarou com doçura e como se fosse a dona do mundo, reposndeu: "Tudo bem. Eu nunca te amei".

Ele, incrédulo, ajoelhou-se aos pés dela em prantos e carregando nas mãos um coração despedaçado, gritando: "Menti, enganei-me, estava louco quando disse que o amor acabou. Sempre te amarei".

Ela soltou as mãos dele das dela que agarravam-se suplicantes, se virou e foi embora sem dizer adeus ou alguma consolo qualquer.

Ele permaneceu no mesmo lugar e chorou como se fosse morrer. Ela, ao virar a esquina, mantinha os olhos secos porque era assim que estava seu coração. E nunca mais chorou porque nunca mais viveu.





terça-feira, 5 de abril de 2011