quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Apeguei-me novamente ao que jamais deixei de ser apegada. Reencontrei meu sol e sua lua juntos como só eles podem ser. Ah, como invejo aquele colar! Não ser possível uma troca? Separam-se a lua do sol e nós é que ficamos juntos para todo o sempre, como de fato deveria ser.

Devemos ter pecado muito em outras vidas tamanha a maldade para ambos que é nos manter separados. E pior, poderíamos nem sequer nos conhecermos, mas não, nos conhecemos e como era de se esperar nos apaixonamos tão logo. Então chegou o senhor de todas as escolhas e nos separou, escolha minha e sua, erro nosso e voltar atrás já não era mais possível.

Essa noite não venha visitar-me em sonho. Não quero ter um motivo maior para continuar te amando, te querendo, te desejando desesperadamente.

Durma em paz que eu farei o mesmo, farei preces para que tenha boa noite. E um dia - e esse dia chegará - estaremos juntos, como nunca deveria ter mudado.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Já é noite novamente. O dia derramou-se como mel recém retirado e acabo de notar que hoje não me dei conta das horas que passaram sem perdão (como é natural).

O carnaval despede-se do povo todo deixando confete e serpentina espalhados no chão da rua e lembranças na mente dos foliões, tanto nos que de fato "fizeram folia" quanto esses como eu.

Amanhã haverá de amanhecer novamente. O mundo de ressaca, o céu à vomitar nauseado de vulgaridades e futilidades. A pobre terra toda suja, toda pisoteada. Mas que se vá tudo mesmo, já é tarde.

Será que ao próximo amanhecer terei novamente seu cheiro pelo quarto? Enfim, venha me visitar, mesmo que em sonho de carnaval.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Pensamentos latentes, loucos. O cérebro divide-se entre as idéias novas para os velhos e os novos projetos e aquela maldita música. Não apenas uma música, uma madrugada inteira, uma eternidade de músicas.

Ah, por que carnaval? Por que tão perto de mim? Por que sou obrigada a ouvir isso?




Salvem-me!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Assustei-me. O coração tão logo bateu em disparate. Mas não, não roubaram a moto. Roubaram só o meu sossego, no lugar encontrei uma caixinha cheia de desassossego e incoerências.

Então tá, já que é o que quer, viverei cheia disso. Cheia de não conseguir parar, cheia de não conseguir dormir, cheia de sonhar com coisas vãs que só machucam, cheia de querer um pouco de tranqüilidade.

Maldito segundo de curiosidade que me levou a abrir aquela caixinha, tão bela, laço vermelho, pequena e simples. Deveria saber que nela estava tudo que me incomodava, deveria ter imaginado, deveria ter adivinhado. Não tenho, afinal, essa sensibilidade para adivinhações?

Mas deixa o dia correr e as pernas pararem de bambear por estarem ainda trêmulas. Deixa que as mãos fiquem bem e consigam escrever sem rabiscar. Deixa que a mente retome suas formas naturais para alinhar os pensamentos. Deixa que o coração bata rítmico e silencioso para que a vida possa continuar em paz.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Abri os olhos lentamente. Um raio de sol cegou-me por instantes. Era o primeiro e meus olhos estavam acostumados ao negrume da noite. O céu estava azul, tão, mas tão azul. Ainda sentia a ponta do nariz gelada pelo frio do quarto, mas as mãos já notavam o calor crescente da manhã.

Dia novo. Novo dia de aula (da vida). Novas alegrias, novos sorrisos, novas lágrimas, novas dores e obstáculos, novo céu, novo cheiro. As novidades que acompanham cada alvorecer acabam por marejar meus olhos em lágrimas.

As folhas com brandura dançam a nova dançam do vento, maestro hábil e dedicado. O vento canta, o vento comanda, o vento faz voar, o vento faz sonhar. Chego até a pensar (e quase ter certeza) de que o vento é o próprio mensageiro de Deus. Em sua sutileza o vento vem anunciando aos pequenos e medrosos seres humanos que Deus olha por eles mesmo que eles não olhem mais por Deus.

E assim, na simplicidade do alvorecer termino mais uma prece e começo mais um dia, desses que sabe-se como começam, mas jamais que surpresas (boas ou ruins) aparecerão com o passar das horas até a noite.

Logo, sem que o mundo (inclusive eu) tome conhecimento já será uma nova madrugada e cá estarei novamente frente a mesma tela com a mente fervilhando pensamentos, palavras, idéias. Pouco a pouco esvaziarei minha mente até que ela seja nula de pensamentos, nula de cor, nula de tudo e só exista o que é eterno.

Já dizia Cecília Meireles, querida minha:
O vento do meu espírito
soprou sobre a vida.
E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que és eterno...