quarta-feira, 30 de junho de 2010

O zumzumzum da vida que nem me deixa pensar. Nuvens passando, pessoas zumbizando, gato miando, cheiros de enojar.

As coisas acontecem tão rápido e tão junto que, caso esteja mais desapercebida, nem noto aquela formiga carregando o grão de açúcar, nem escuto quando me sussurra a distância no ouvido coisas de me deixar vermelha, nem vejo aquele belo céu cor-de-rosa de final de tarde, nem sinto seu beijo tímido na minha nuca.

Parando, pensando, sentindo, sem respirar. Vou ficar bem quita pra aproveitar os pequenos prazeres mundanos.
O chocolate amargo derrete na boca causando um prazer inexplicável.

Quero alguém que tenha sabor de chocolate pra ficar sentindo derreter na boca infinitamente.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Acordei com a doce lembrança do seu rosto. Seu gosto ainda escorrendo pela boca, meus dedos ainda com as suas impressões.Havia seu cheiro nos meus poros, nos meus cabelos, lençóis e até no ar que adentrava minhas narinas.

E você continua longe. Alguém me explica agora? Como é que se acorda com lembranças nunca vividas? Como é que se sente saudade de alguém cujo cheiro meu nariz desconhece?

Acordei tão bem, estou tão bem e aquele sorriso bobo fica pregado na minha boca o tempo todo.

Só queria chegar em casa e te encontrar ainda adormecido na cama. Acordar-te com um beijo e perder o restante do dia ali com você.

quarta-feira, 9 de junho de 2010


O coração bate trêmulo, descompassado de pura e original solidão. A mente é inebriada por uma sensação de perda extraordinária.
Mas o que haveria de ter perdido se nunca nem ao menos o teve? Ele sempre foi ilusão e ela fora avisada pelos lábios dele disso. Mas como ele é malvado, contou-a quando ela já estava envolvida até os fios de cabelo, quando o coração dela já batia no compasso da respiração dele.
E quis ser doce e quis não machucá-la e fez tudo, tudo errado, com a melhor das intenções. Seria doce se ela nem o conhecesse, se ele nunca a tivesse pedido em casamento, se nunca tivessem se envolvido, se ele não esperasse anos e anos para contar que a enganara desde remotos tempos.
Ela estava em estado de torpor, mal respirava. A única coisa que compreendia do que lhe acontecia à volta era a dor lancinante que sentia no coração acuado. Não falava, não pensava, não entendia o porquê da dor, não entendia o porquê do ciúme, não entendia em que momento da vida passou a amá-lo (nunca lhe sentira o cheiro, poderia nunca amá-lo tranquilamente).
Mas ela sempre gostou do impossível e desconhecido, enjoava-se fácil do que lhe era conhecido em demasiado e simples.
A dor dele sempre fora dela. E agora, haveria de aprender a conviver com a solidão que lhe apertava o coração e o deixava com um vazio de doer.