terça-feira, 28 de agosto de 2012


Fazer brotar sorrisos ali não era difícil. Bastava plantar ipês coloridos, céu azul, chuvas barulhentas, desejos quentes, manhãs frias e poesias sinceras em qualquer terra fértil de imaginação.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ensaio sobre a felicidade

Uma vez (e isso já tem muito tempo, tanto que a memória já apagou) me pediram o que era felicidade e mais, essa pessoa me pediu que fizesse um texto falando sobre isso. Tenho vários rascunhos desse texto, muitos deles já até se perderam em folhas soltas pelo vento ou computadores que resolvem parar de viver, e nunca consegui terminá-lo.

Cheguei a pensar que era um caso de tristeza crônica própria de escritores meio melosos. Pensei que não sabia ou conhecia a felicidade. Pensei que a felicidade não existia. Pensei em procurar um remédio para ver se a felicidade aparecia sinteticamente. Mas não, não era nada disso. O tema apenas não estava pronto para ser descrito. A ideia, latente, precisava amadurecer, criar raiz, tomar forma e conteúdo para depois virar um texto.

Acredito - e por favor, não me peçam motivos - que agora é a hora de escrever sobre felicidade. Ela já é bem grandinha dentro de mim e merece o exterior.

Para começar, não acredito em felizes para sempre. Não aqui, não agora, não neste mundo. Não do jeito como os filmes da Dinsey e comédias românticas acreditam em felizes para sempre.  Tolice demais - e uma tamanha responsabilidade quase maldosa para a pessoa - jogar toda a sorte da felicidade em uma pessoa. Um amor, no caso. Deve ser por isso que as pessoas se decepcionam tanto quando um amor não dá certo. Mas isso é tema para outro ensaio, concentremo-nos na felicidade.

Acredito que um dia o felizes para sempre vem, mas não sei quando, nem como. Mas haverá um dia em que a felicidade será plena e não dividida em pequenos momentos de felicidade (acabei de definir a minha felicidade, então?).

Quase isso. Sim, acredito que existam momentos felizes e pessoas felizes. Tem pessoas que já nasceram amargas, outras nasceram triste e algumas, nasceram felizes. Essas últimas parecem não se doer com as coisas que dilaceram os corações alheios, parece que choram lágrimas menos chorosas e que tem um coração de pedra. Antes que pensem que agora eu vou dizer que essa sou eu, já aviso que estão drasticamente enganados. Não sou nenhum dos três tipos em essência, nasci pra sentir tudo com grandeza: as maiores dores, as maiores tristezas, o maior amargor, as maiores felicidades.

E sendo uma pessoa que tem momentos de felicidade, nada mais justo que explicar a felicidade explicando esses momentos. A gente procura a felicidade demais em coisas grandes. Mas é exatamente nas pequenas coisas que ela se encontra, ao menos, é assim que eu sinto a minha felicidade.

Felicidade é o nascer do sol em um dia bonito, maior será ela se tivermos uma boa e agradável companhia nesse momento (mesmo que a companhia se traduza apenas num pensamento ou num resto de sonho da noite escorrendo os dedos). Felicidade é acordar com o sorriso de alguém que nos faz bem. Felicidade é ler poesias com o coração. Felicidade é saber que somos importantes para algumas pessoas. Felicidade é ter e-mail bonito pra ler na caixa de entrada (no meio de um monte de problemas). Felicidade é uma joaninha delicadamente sentar no nosso ombro quando estamos desatentos com as coisas bonitas. Felicidade é uma tarde chuvosa e a sabedoria de apreciar pingos na janela e nos cabelos. Felicidade é a simpatia dos desconhecidos na rua que despretensiosamente cumprimentamos ao cruzar nosso caminho. Felicidade é abraço apertado e cheio de carinho, desses que confortam e acabam com todos os problemas em um instante. Felicidade é andar no vento, sem medo de que os cabelos fiquem bagunçados. Felicidade é um campo de girassóis amarelos e doces como só eles sabem ser. Felicidade é colher fruta no pé e comer ali mesmo sem medo de bactérias. Felicidade é andar descalço na terra. Felicidade é ouvir música no último volume e errar a letra sem medo do que os outros vão pensar. Felicidade é chorar com sinceridade, de dor ou de alegria, sem se achar velho demais pra isso. Felicidade é um ipê florido e a sensibilidade de parar para observá-lo sem medo de ser atropelado. Felicidade é ver alguém querido dormir e cuidar para que seus sonhos sejam bons. Felicidade é ter família e passar horas de bobeira com ela e amá-la com o amor mais puro que tem no coração. Felicidade é beijo roubado quando o desejo já extrapola os sentidos. Felicidade é o cheiro de café de manhã ou de pitangas depois da chuva ou ainda daquele perfume que aquela pessoa usa. Felicidade é sentir a respiração de alguém bem perto, quase sufocando os sentidos. Felicidade é uma tarde preguiçosa na companhia de livros e canções. Felicidade é banho morno antes de dormir. Felicidade é saber da existência de pessoas especiais. Felicidade é lembrar e sentir tudo novamente como se fosse ontem. Felicidade são horas em que não precisamos nos preocupar em contar o tempo, apenas em viver. Felicidade é ver o sol se despedir e a lua toda encantada nascer no céu. Felicidade é contar estrelas antes de dormir. Felicidade é ter imaginação forte e viva o bastante para criar um mundo diferente. Felicidade é sonhar quando adulto, sem medo de parecer bobo. Felicidade é dizer palavras sinceras de carinho aos que nos cercam e ouvi-las (sempre!). Felicidade é receber uma ligação inesperada. Felicidade é passear no parque sem pressa. Felicidade é comer a comida preferida sem medo de engordar. Felicidade é ter alguém pra conversar sobre tudo e sobre nada. Felicidade é viver por viver, sem preocupações e dores desnecessárias.

Aos que não se sentem felizes com pequenas coisas, desejo que aprendam a gostar da simplicidade.