segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lua, gato e urso de pelúcia

Fecho a janela do meu quarto por pura obrigação. Segurança, motivo do meu pai. Morcegos, motivo da minha mãe.

O frescor da noite é deveras agrádavel e trabalhar nesta atmosfera acaba por render mais trabalho e inspiração pós-trabalho-antes-de-dormir. O ar condicionado, neste dia, seria dispensável. Bem como as paredes.

A grama, um travesseiro e só. Dormir no negrume da noite banhada pela lua. O negrume do quarto tem muito de artificial e insípido. E ainda há aquelas malditas luzes verdes dos eletroeletrônicos existentes no quarto que tentam, com fracasso, copiar a minha bela lua.

Grande, iluminada, toda prata e vestida para um casamento, talves até, o seu próprio. Assim a lua cresce e mantem-se no céu negro. Este, por sua vez, agradece-lhe o brilho, pois já anda cansado de tanto negrume.

O gato aparece, dengoso e abobalhado como sempre (será normal gatos que gostam de morder como cachorro?). Enfim, acho que prefiro um filhote de siamês me mordendo do que o boxer (bem, o boxer não faria isso).

Perdi-me no balanço das patinhas do gato, esquecendo do motivo do início deste. Era só para desabafar a vontade de dormir livre e nua sob o céu, é isso.

Mas já que hoje isso não acontecerá, pois falta-me compania adequada (e talvez falte por muito tempo), ainda me resta uma cama confortável, o edredon macio e a eterna compania de todas as noites há anos: meu urso de pelúcia.

Falando nele, meu pai, hoje, excepcionalmente em casa, passou no meu quarto muito cedo da manhã. Eu ainda dormia, obviamente, abraçada com meu querido urso. Papai deu-me bom dia, ao qual respondi sonolenta, meio sem saber. Então ele saiu, fechou a porta do quarto e abriu novamente com ar de espantado perguntando: Você ainda dorme com urso de pelúcia, filha? Respodi o que ele podia ver com os próprios olhos: Sim, eu durmo. Ele respirou fundo, como se aliviado de algo e saiu.

Ainda não sei se ele acha que sou louca, se ficou feliz. Enfim, não sei, sinceramente qual o motivo de alívio de meu pai.

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