terça-feira, 2 de junho de 2009

Quando eu morrer

Quando eu morrer não quero que contem mentiras sobre mim. Não digam que eu era essencialmente boa, pois tinha muito de má, se quiserem digam apenas que eu vivia combatendo a maldade interior; não digam que tinha grandiosa paciência, pois não muito raro ela esgotava-se, mostrando que eu não era uma pessoa paciente; não digam de minha inteligência, pois tê-la e conhecê-la sempre fora meu pecado capital; não publiquem os meus escritos, pois os que me fazia gosto publicar, já os fiz em vida, cada qual em se devido lugar – alguns tiveram apenas um leitor e assim deverão permanecer.

Quando eu morrer, se quiserem lembrar de mim, lembrem com um sorriso; não quero lágrimas, nem pesares de nunca mais. De onde estarei, recordarei-me de doces momentos com vocês e também eu estarei a sorrir.

Se quiserem levar algo meu depois da minha morte, levem bons momentos, bons exemplos e boas influências. Esqueçam, por obséquio, as más influências, momentos e exemplos errôneos que meu espírito, ainda tão imperfeito e errante, lhes proporcionou. Estarei bem ao vê-los concertar erros que lhes ensinei como cometer.

Além disso, quando eu morrer quero preces sinceras, saudades também sinceras e sorrisos, pois, de onde estarei sentirei saudades sorrindo e farei preces de conforto e sincero amor pra vocês.

Quando eu morrer não coloquem pedras preciosas nem ouros no meu túmulo. Os bens monetários já os tive em vida e os evitei em extremo, fugindo arduamente da avareza; não preocupem-se com beleza para meu túmulo, quero apenas simplicidade; não façam dividas terrenas para um lugar que espero habitar por tão pouco tempo; se quiserem realmente me agradar, plantem um girassol ou alguma árvore que dê frutas perto da minha sepultura. Ao menos, meu corpo terá uma última função antes da extinção, além dos que porventura por ali passarem – a me “visitar” ou por acaso – possam deliciar-se com saborosas pitangas, jabuticabas ou amoras e terão ao deleite de seus olhos um belo girassol em reverência ao astro-rei por lhe manter vivo.

No meu epitáfio escrevam algo breve e não tentem dizer quem eu era; fui tantas e tantas ainda serei, não prendam-me a Danieli apenas. Se algum querido meu doar-se a fazer meu epitáfio, deixem-no responsável pela função, pois nenhum querido meu falharia nesta tarefa.

Quando eu morrer, fiquem serenos e perpetuem o amor; se eu for antes é para preparar melhor a casa eterna para esperar vossas chegadas.

Quando eu morrer, que todos os que amo, todos os meus queridos, sintam-se beijados e abraçados longamente em breve despedida.

Madrugada de 01/06/09

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Seria incrivel imaginar como seria.


    Todavia triste é saber que algumas pessoas passarão a vida sem descobrir que levaremos/deixaremos na vida são os bons sentimentos, e é isso que realmente importa.

    Att.: Carolina Bedin

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