Abro a porta. Ele ainda tem os mesmos olhos caídos de que me lembro, a face marcada pelo tempo sem perder entretanto a juventude de ser sarcástico, as mãos amareladas e trêmulas que firmam-se ao apertar as minhas.
Ali, parado na minha porta ele me olha com um sorriso de "sabia que você estava aí, sabia que abriria, você não resiste a mim". Vendo esse sorriso fervo de ira, mas o coração bate mais e mais alegre e descompassado. A razão não gosta dele, a emoção ama-o fervorosamente.
Eu já estou impaciente de vê-lo ali sem entrar. Ele não entra, espera, a paciência é sua mais notável qualidade (deve ser pelo tempo que tem). Abro mais a porta e lhe digo:
- Entra passado, já sabe onde é a sala. Sente-se lá que já levo o chá.
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