quarta-feira, 9 de junho de 2010


O coração bate trêmulo, descompassado de pura e original solidão. A mente é inebriada por uma sensação de perda extraordinária.
Mas o que haveria de ter perdido se nunca nem ao menos o teve? Ele sempre foi ilusão e ela fora avisada pelos lábios dele disso. Mas como ele é malvado, contou-a quando ela já estava envolvida até os fios de cabelo, quando o coração dela já batia no compasso da respiração dele.
E quis ser doce e quis não machucá-la e fez tudo, tudo errado, com a melhor das intenções. Seria doce se ela nem o conhecesse, se ele nunca a tivesse pedido em casamento, se nunca tivessem se envolvido, se ele não esperasse anos e anos para contar que a enganara desde remotos tempos.
Ela estava em estado de torpor, mal respirava. A única coisa que compreendia do que lhe acontecia à volta era a dor lancinante que sentia no coração acuado. Não falava, não pensava, não entendia o porquê da dor, não entendia o porquê do ciúme, não entendia em que momento da vida passou a amá-lo (nunca lhe sentira o cheiro, poderia nunca amá-lo tranquilamente).
Mas ela sempre gostou do impossível e desconhecido, enjoava-se fácil do que lhe era conhecido em demasiado e simples.
A dor dele sempre fora dela. E agora, haveria de aprender a conviver com a solidão que lhe apertava o coração e o deixava com um vazio de doer.

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