quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Esperas

Era uma noite bonita como há tempos não se via. A lua laranja e partida no céu como vergamota que se reparte com os amigos - em gomos - em meio a um negrume qual quarto de dormir quando oferece medo.

A menina olhava tudo com precisão. Nenhum movimento das nuvens era demais aos seus olhos. Nenhum. Mas estava deveras parada, como se o belo céu não  lhe fizesse diferença. Que havia com aquela menina não maravilhada com tamanha beleza?

Ela permanecia imóvel, com seus pensamentos em algum lugar de Saturno. Estava vazia ao mundo, alheia a tudo.

Ela pensava em pessoas distantes e em todo amor que sentia por elas, pensava em belos mundos onde pudesse habitar, pensava em girassóis, em arco-iris, em toda a cor que agora não tinha, pensava em braços que a abraçavam como se a proteção de todos os males fosse essa e mais do que a utopia, pensava em conversas de por-do-sol e de acordar a lua.

Mas alguém muito distante resolveu quebrar-lhe o real. Acabou com as conversas de amanhecer e de adormecer e ela ficou ali a esperar.

E há quem diga que nisso ela perdeu o amor. Há quem diga que ela só perdeu a esperança. Há quem diga que ela perdeu o sonho. Há quem diga que ela nunca mais dormiu. Há quem diga que ela espera uma volta. Há quem diga que ela morreu. Há quem diga que ela perdeu.

Mas há quem diga, que desde então, ela amou mais. E de um jeito tão lindo que outro amor nunca mais chegou. Há quem diga que ela chorou, mas ficou a esperar.

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