quinta-feira, 16 de maio de 2013

Sobre como o tempo passa (ou não)


Vazio existencial. O relógio já/ainda marca quatro da tarde, àquela hora comprida em que eu nunca sei se torço pro relógio correr ou parar. Noto que há muito tempo balanço o pé, mordo a tampa de uma caneta – a boca já secou -, é a velha procura de soluções em gestos naturais e bobos. É mecânico, bem como é mecânico o ato de olhar para a tela do computador esperando que as fórmulas se completem, que as soluções brotem...

O café já está frio. Minha casa deve estar quente já que o sol teima em bater na porta do quarto a tarde toda. E não sei onde o vazio existencial é maior: aqui ou lá. Lá posso ver um filme, ler um livro, dormir... aqui eu posso fingir que sou uma pessoa completa planejando grandes coisas que pra mim, atualmente, tanto fazem.

O relógio e a maneira sádica como me prende em suas engrenagens que eu nem sei como funcionam. Sou totalmente controlada por ponteiros dourados, prateados, finos, grossos, brilhantes... pela posição deles que não faziam o menor sentido na infância. Digam pra mim, por que é que tem que fazer algum sentido agora?

Aprisiono-me dentro de mim querendo apenas algumas horas longe (de mim). Eu sou mais complexa que o relógio que me aprisionou e a preguiça disso às vezes é maior. Entre o tédio e a agonia, vasculho qualquer coisa e leio uma notícia sobre clonagem humana. Mas era só o que me faltava, ter mais uma de mim! Quase um sorriso, o vazio quase não vai embora. Como a gente espanta essas dúvidas que parecem insetos na cabeça? Dúvidas de que, afinal?

Dúvida se a hora passa devagar ou rápida. Dúvida se a hora deveria passar rápida ou devagar. Dúvida se é melhor controlar o tempo ou se deixar levar de vez por suas engrenagens barulhentas. 

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