segunda-feira, 5 de julho de 2010

Livros espalhados por todo o chão do quarto. Infinidade de letras, pensamentos, teorias, amores, guerras e estórias. Apanho um sem nem ao menos ligar para o título. Não é o que eu estava lendo. Leio alguns trechos, nada. Tento outro, poesia. Leio uma estrofe qualquer sem notar que comecei pelo meio do poema. Arrepios, saliva na boca aumentando, mãos trêmulas. Não é o livro, não. É a recordação que ele carrega. Sinto seus poros nos meus dedos, seu cheiro espalhado no meu sexo, sua boca grudada na minha. Fecho os olhos, deliro, calo-me pra sentir sua pele branca na minha. O mundo lá fora já não tem mais tempo, não tem mais cor, não tem mais desejo. Está tudo aqui entre meus dedos e aquelas letras, entre meus sonhos e sua chegada, entre meu desejo e as palavras que sussurra no meu ouvido, entre o amor que lhe dou e o que me retribui, entre o meu desejo e o seu me chamar de sua bitch, entre o sexo até adormecer e o ao acordar, entre a madrugada que passo virando na cama procurando seu cheiro e aquela que você esperou acordado que eu adentrasse a porta. E você está longe. Descubro. Contorço-me, morro de dores sem origem certa, caio no profundo tédio e solidão, mãos gélidas como o vento lá fora, sem calor humano, sem seu calor tão bom, sem seu abraço do meu tamanho.

Uma coisa pra você, meu bem: seu lugar na minha cama ainda está guardado.

Um comentário:

  1. Esse foi, certamente, um dos seus textos mais intensos que li.

    O café está pronto.

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